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  • Foto do escritorby Naty Gui

Setúbal Triathlon 2020

Oi gente!!! Tudo bem???

Venho contar para vocês como foi para mim o Setúbal Triathlon, prova linda que tem a organização mais maravilhosa e neste ano, com todos os percalços, conseguiu nos brindar com a melhor organização de sempre e nos permitiu fazer o que nos preparamos durante todo o ano!!!

Muito bem, antes do mundo virar de pernas para o ar eu tinha planeado o meu calendário de 2020 e não iria fazer Setúbal por ser uma prova longa no início do ano e meus planos eram começar o ano com uma base em provas curtas e aumentar progressivamente as distâncias focada no Campeonato Nacional de Longa Distância e o Ironman Portugal. Aí veio a Covid-19 e mudou tudo e não vou falar sobre isto por que todos sabemos como foi e continua sendo.

Descartei completamente esta prova depois do adiamento, mas com o cancelamento do IM Portugal decidi que esta seria a minha prova para fechar a época na longa distância e fui atrás de inscrição, que rapidamente consegui encontrar (obrigada Aline Correia).

Foi um ano em que eu aprendi demasiado sobre mim e os meus limites (ou seja, eu não tenho limites kkk), pude me entregar por completo aos treinos durante mêses e isto se refletiu na minha época com a volta às provas. E Setúbal foi a prova onde eu queria arriscar tudo, fazer um seguimento como se não houvesse outro, sem medo, confiando no caminho que percorri e toda a orientação do meu coach Hugo.

Que prova SENSACIONAL!!! Todas as condições eram desfavoráveis para se praticar triatlo kkkk, o mar (ou rio, sei lá o que é aquilo) estava todo avacalhado por causa do vento, um frio danado e chuva!!!

A natação teve de ser encurtada para metade (900m) pois não estava seguro nadar naquelas condições, a sensação de quem tava de fora era que nadávamos no mesmo sítio, mas la dentro não foi tão mau assim, tirando as chapadas das ondas na cara e a cada tentativa de respiração aspirarmos mais água do que ar, correu bem. E nem tenho muito o que dizer por que natação não é meu forte, não gosto e pra mim é despachar e seguir, então sigamos.

Tenho focado muito nas minhas transições e quando estamos num nível mais competitivo cada segundo é precioso, então tentei fazer o mais rápido possível a coisa, mas o tal de colocar as meias para adiantar a vida na T2 é um saco, enfim....peguei na bike e foi sair do PT e começar a chover!!!!

Decidi levar a bike nova sem ter treinado o suficiente nela, então estava mega insegura nas curvas e descidas, e com a chuva a empapar aquilo foi mesmo uma sorte eu não ter caído. Mas para a minha surpresa me adaptei super bem e abstraí de possíveis médias que queria fazer, eu só queria dar tudo tudinho como nunca dei para saber o meu limite e aprender para os meus desafios futuros. E para isto dar certo eu segui à risca o plano de nutrição do meu coach e levei tudo que eu iria consumir para não perder tempo no abastecimento.

A primeira ida à serra foi tensa, chovia muito e o chão estava muito escorregadio, a primeira descida com curva já senti a roda de trás escapando e vi que aquilo ia ser chato. Decidi atacar com força todas as subidas para compensar as descidas quase parando, principalmente depois que me distraí numa curva mais fechada e fui parar do outro lado da estrada. Mermão, não passava nem agulha no fiofó de tanto que eu me assustei, meu coração parou, por pouco não sofri um acidente feio. A partir dali foi atacar as subidas e descer rezando.

Na segunda parte do ciclismo que poderia ser mais tranquilo não foi. Apesar de ser plano o vento não perdoou e vinha de todos os lados. Segurei forte nos extensores sem medo (lembram que não treinei na bike né), abaixei a cabeça e dei forte nos pedais. A sensação é de não sair do sítio, e eu nem queria olhar no relógio a quanto eu ia. Fui assim até chegar à Mitrena, e no retorno para minha surpresa, o vento estava muito pior!!

O retorno foi um tanto quanto interessante, eu e a Madalena Fontinhas fizemos o ciclismo praticamente juntas, e foi tão legal pois passamos a prova a ultrapassar uma a outra e impor um rítmo que nos ajudou mutuamente, tudo dentro das regras e com um fairplay digno de senhoras.

Seguimos ali na sofrência com o vento até a última subida a serra que confesso custou muito menos e achei que foi mais rápido, tanta era a vontade de começar a correr. Ahhh e como se não bastasse, na última subida mais longa no regresso saltou-me a corrente da bike!!!! Eu dei um berroooo de óoooodioooooo....mas desci logo da bike, coloquei a corrente e nem vi que tava na subida, montei na bike e mais um pouco de força no pedal eu partia aquilo tudo hihihi (viva a adrenalina).

Cheguei à T2 e coloquei em prática tudo o que mentalizei, descalçar 500m antes sem perder velocidade, saltar da bike (fail) e fazer tudo o mais rápido que eu conseguisse. E foi dito e feito! Mas fui tão depressa pois já ia saindo com o colete do ciclismo para correr, voltei e entreguei à voluntária que guardou no meu saco de transição (fofaaaa).

Saí para correr determinada a correr muito forte e sabia que aguentava 10kms naquele ritmo, a partir daí era para arriscar. A cada volta era um gel e água e um pé na frente do outro, sem hesitar, sem pensar muito e ignorando aquela cãibra que dava sinal de vida. Ao contrario de Caminha, desta vez eu tomei água cada vez que tomei gel, pois acho que foi a falta de água que deu cabo da minha corrida lá. Nunca fui tão concentrada numa prova, logo eu que adoro ir sorrindo e brincando com a galera, desta vez vesti uma carranca e o máximo que conseguia era fazer era levantar o polegar. Eu arrepiava cada vez que gritavam o meu nome, sabia que estava indo bem e o incentivo dos amigos e conhecidos era como um reconhecimento do meu esforço e me dava mais garra para aguentar a dor.

Por um lado correr a meia maratona em 4 voltas seja bom por estarmos sempre a ter contacto com o público, por outro é psicologicamente mais desafiador. Eu prefiro pensar que vou correr 10 pra la e 10km pra cá do que ficar contando voltas, custa demaaaaais isto pra mim. Por isto eu traço pequenas metas no percurso, e no caso eu fazia pequenos seguimentos até completar 1 volta. Primeiro uma reta longa que dividi em dois, até o pingo doce e depois até o retorno, o regresso da mesma forma com um plus da torcida das meninas do Estoril, depois a parte do abastecimento, depois a outra reta até o PT1, daí voltar até o restaurante que não sei o nome mas havia lá o pessoal do Olímpico a fazer a maior torcida, e de novo até o abastecimento, e depois até às pulseirinhas com direito a torcida das meninas do Oriental e outra vez a reta longa. Era isto que eu pensei durante toda a corrida, e claro, aquela troca de olhares quando encontrava o coach. Não conseguia pensar nem ver mais nada, eu só queria aguentar e cada vez que vinham as sensações ruins eu pensava que as boas sensações já voltariam e continuava.

E foi assim, lutando com a vontade de abrandar, com as dores, com a chuva e o frio que eu consegui terminar esta prova. Orgulhosa demais de mim, do meu crescimento e amadurecimento na modalidade e com a consciência que eu tenho ainda muita margem de melhora e com muita vontade de continuar o trabalho com a minha equipa Cnatril e com o meu treinador Hugo Ribeiro.

Quero agradecer a todos que torceram e me acompanham nas redes sociais e no meu dia a dia, sem este incentivo eu até poderia fazer o mesmo, mas não teria a mesma graça. Aos meus parceiros desta época Speedsix Wheels Portugal, Fyke, Iswari, Absolute Black, Aqualoja e Petmania Vet, espero continuarmos juntos no próximo ano com ainda mais provas e desafios para superarmos juntos.

Filipe, foste um mister paciência comigo, só mesmo sendo triatleta para entender e acompanhar a loucura hehe :*

Ficam aqui alguns registros do que foi este domingo que para muito foi um dia de ficar na cama até tarde, mas para os guerreiros foi dia de luta!


- 6º lugar geral

- Campeã AG

- 5h10




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