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  • Foto do escritorby Naty Gui

IRONMAN PORTUGAL - CORRIDA Race Report

WTF! O seguimento que me atormentou por todos estes meses de preparação foi a corrida. Senta que lá vem a história!


Desde o ano passado descobri que eu corro até alguma coisa e até tive alguns resultados, e bem, eu gosto de correr quando (eu tô bem)!


Basicamente esse ano a minha corrida foi afetada pelos mercúrios retrógrados e afins por que só deu merda nas provas. E para completar, um incômodo que sentia no tornozelo direito virou um bicho de sete cabeças!!! Resultado, aquilo que já não estava bom, piorou muito!


Fui ao médico, fiz ressonância e tirei umas chapas e, ninguém que esteja prestes a fazer um Ironman quer ouvir que tem uma lesão e que tem de parar - eu nem sei exatamente o que é a minha lesão, mas o diagnóstico fala em derrame articular tibio-talar, sequelas de rutura do ligamento perónio-astragalino anterior e inflamação do tendão tibial posterior - eu não sei se isso é grave ou não, só sei que dói muito, o tempo todo, mesmo em repouso!


Falei com o coach, que imediatamente alterou todo o plano de treino e fiquei o mês setembro sem correr. Falei com o Bernardo que já cuidava de mim, e começamos um tratamento específico e também com a Catarina Faroppa e iniciamos a rehab.

Foi uma agonia esse mês sem correr, comecei a pôr em questão se faria ainda a prova, fiquei com receio de engordar e comecei a ficar deprimida (quando uma coisa leva a outra e o foco ta no sítio errado).


Mas ainda bem que eu comecei o programa Strong Mind Triathlon com o Jorge Boim!!! Numa das nossas sessões começamos a trabalhar para mudar a minha forma de ver as coisas e começar a ver luz no fim do túnel. Já que não podia correr, o meu treino de corrida era o treino de recuperação. E comecei um diário onde depois de cada treino tinha de escrever 3 pontos positivos e 3 negativos. Comecei esse diário super contrariada, ao princípio mal conseguia colocar um ponto positivo. Mas no decorrer dos dias, tinha dificuldade para encontrar pontos negativos. Foi uma jornada incrível!!!


Passado esse mês, não me recuperei mas também não piorei. Já não podia mais ficar sem correr e pedi ao Sérgio para voltar com os treinos de corrida (eu continuava a nadar e pedalar). Insisti muito e como ele viu que eu iria voltar de qualquer maneira, colocou no plano os treinos para voltar gradativamente.

Em comparação com as minhas amigas, eu treinava muito menos! Isso me assustava muito, eu estava sempre a pedir mais treino, estava sempre a reclamar com o Jorge nas sessões. Mas eu cumpria o plano, e com o passar do dias, e a conseguir cumprir os treinos, fui me enchendo de vida novamente. A insegurança estava ali, quietinha, mas presente. Contudo o meu foco passou a ser na realização do meu sonho, em como eu queria me sentir durante a prova, na minha nutrição, e em tudo de bom que acontecia. Os exercícios de visualização foram o meu motor, eu acordava e dormia pensando na prova, e cada vez mais eu tinha a certeza que tudo ia dar certo.


Muito bem, já que estão todos contextualizados vamos direto para a T2. Cheguei do ciclismo com a bexiga explodindo, fui logo fazer xixi e a seguir calcei os ténis, troquei de óculos, coloquei a viseira, peguei nos géis, virei o dorsal pra frente e… saí andando na maior preguiça para correr.


Saí para correr conforme treinei a minha mente, os dois primeiros kms com muuuuuuuita calma para o corpo se adaptar. Durante o primeiro km me deu uma dor de barriga e um mal estar que eu queria morrer. Ainda bem que encontrei a Rita Machado e cia ali na boca do inferno, parei e lhe dei um abraço como quem precisasse de uma recarga. Sorri e continuei até a Casa da Guia num compasso estranho. Parei no abastecimento, tomei água e segui em direção ao Guincho. Alguma coisa eu tinha de fazer para me sentir melhor, busquei uma solução e nos quilómetros adiante eu foquei os meus pensamentos na estratégia de tomar 1 gel a cada 4kms, e parar rapidamente em cada abastecimento para hidratar.


Quero abrir um parêntese e dar um salve para a organização que colocou abastecimentos a cada 2,5kms. Foquei sempre em correr o melhor que eu pudesse até cada abastecimento. E assim meu corpo foi se adaptando e os meus pensamentos me enchiam de vida, de alegria. Caraca, eu tava fazendo um Ironamn!!!!!!


A dor no tornozelo sempre esteve ali presente como esteve durante toda a jornada, mas o meu foco estava em aproveitar e viver aquele momento (como fosse), em ver cada rosto que torcia e batia palmas para mim, nos hi5, em toda a envolvência e assim, cada vez eu me sentia cada vez melhor. E isso se refletia no que eu transmitia a quem estava assistindo, por que toda gente me devolvia um sorriso, toda gente dizia o quanto eu estava bem e maravilhosa. Só de pensar eu fico arrepiada, me emociono!


Fiz a primeira volta e meu cérebro começou a querer contar os quilómetros que ainda faltavam. Mas eu estava atenta e descartava qualquer pensamento que pudesse me deitar abaixo. Eu só pensava, aproveita que só tens mais duas voltas no percurso e vai terminar. Então ao invés de olhar o relógio, contar os quilómetros e pensar em quanto tempo eu iria terminar, eu comecei a prestar atenção no tempo maravilhoso que estava fazendo, nas pessoas que estavam ali a torcer, na boa disposição dos voluntários. Cada rosto conhecido que eu encontrava a vibrar comigo me enchia de vida. Lembro-me do pessoal do CNCVG la na Repsol sempre a dar-nos força, do Pedro Monjardin e do Zé Carlos a acompanhar pela ciclovia fazendo piada para descontrair haha. A festa que os Tri-chonés faziam em cada volta no retorno próximo a meta, da minha Mãe e o Vitaly vibraaaaaando a cada volta, do meu namorado Henrique que esteve ali do inicio ao fim (te amo)!!! Ahhh quando vi o Jorge Boim com a sua família, eu não resisti em parar para dizer que tinha dado certo, que eu estava feliz demais!!!


Quando fui para a última volta, meu corpo se incendiou de adrenalina, era um misto de querer ir rápido mas aproveitar o momento, eu pensava na meta e me dava um nó na garganta (não recomendo segurar o choro correndo, é horrível). Quando passo pela zona onde estava a feirinha, vejo o meu treinador, Sério e a Anabela a vibrarem muito comigo... aquilo ali me deixou tãaaaaao feliz. Fui indo e indo e quando cheguei no Guincho já estava bem escuro. Para quem não ta bem preparado mentalmente aquilo ali é como uma marretada!! Tanta gente a andar, com a cabeça para baixo, já havia algum vento e estava começando a ficar frio. Eu só queria sair dali rapido!!!!


Fiz o retorno a dançar e rodopiar (como fiz todos eles), parei no Dj para uma última dancinha e voltei para os últimos quilómetros como quem estivesse começando a correr. Soltinha, feliz, segurando a euforia por que ainda que estivesse muito bem, eu tinha um medo danado de quebrar hahahahah

Quando cheguei no abastecimento da Guia eu parei para beber água. MAAaaaano, eu parei faltando 3kms para a meta ahahhahahahahahahahah !!!! Não me pergunte por que, mas eu molhei o rosto, passei água no meu trisuit, ajeitei o cabelo para chegar bonita para a foto ahahhahahahah


Último quilómetro, já não conseguia respirar, meu peito explodiu, meu corpo todo tremia e comecei a chorar compulsivamente. Fui puxando o ar, tentando me acalmar mas não consegui. Desci a rua que ia para a meta louca - só de lembrar eu me emociono, fico toda arrepiada - eu queria que o tempo parasse para eu olhar tudo e sentir tudo, a vibração, as cores, os ruidos....


Pisei no tapete, era uma festa tal e qual eu sonhei! Acho que as pessoas todas ali se contagiaram com a minha emoção, era uma gritaria!! Primeira pessoa que vi foi o meu coach Sérgio de pé no para peito, vibrando comigo!!! A seguir vi a minha Mãe, o Vitaly e o Henrique. Parei e os abracei, peguei na bandeira e fui em direção meta a espera de ouvir o que todos sabem... só que do nada eu ouço:


Natália Guilherme, Natália....Tú és um Ironamn!!!


WHAT THE FUCK hahahahaah quando eu ouvi isso eu parei de correr, vi o Paul Kaye e apontei em sua direção e por fim ouvi o que tanto imaginei e sonhei:


YOU ARE AN IRONMAN!!!!!


AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH FINALMENTE!!!!


Cruzei a meta com o coração explodindo de alegria e todas as emoções. Passou um filme de 6 anos na minha cabeça durante 5 segundos e eu só dizia:


Eu consegui!!!!!!!!


Tempo total na maratona: 3h45 (no meu relógio deu 3h41 haha)! Quarto melhor tempo no meu AG.






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